segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Paraolimpíadas = Superação ≠ Eutanásia

Paraolimpíadas: a superação do limite
Gostaria de destacar que verdadeiramente não se pode ligar os sentimentos de euforia que envolvem a superação de atletas paraolímpicos com o ar sombrio e triste que vem à tona quando o assunto é eutanásia. O assunto se misturou quando a atleta paraolímpica Marieke Vervoort divulgou que pretendia fazer a eutanásia após os jogos paraolímpicos de 2016 no Rio de Janeiro. Ela competiria pela última vez como um adeus ao esporte e à sua própria vida.
Felizmente hoje sabemos que sua intenção mudou, mesmo que temporariamente, o que me deixou com o coração leve e me pôs a pesquisar sobre a vida e história de superação de outros atletas paraolímpicos.

Em quase todos os artigos que li, as modalidades de esporte para pessoas com deficiência são destacadas por sua superação de limites. A maioria das reportagens, pesquisas e afins sobre o esporte paraolímpico, se aprofundam no aspecto da dedicação do atleta para se preparar fisicamente para competir, vencendo além de seus limites, também a discriminação da sociedade, a desmotivação que sua própria condição existencial pode acarretar. Esses atletas têm nas competições uma oportunidade para elevar sua autoestima, direta ou indiretamente, além de provar para todos o seu valor como atleta e cidadão.

Grandes exemplos dos esportes paralímpicos
Clodoaldo Francisco da Silva

 
Clodoaldo Francisco da Silva nasceu em Natal/RN, em 1979. Deficiente físico, em razão de paralisia cerebral é dono de 19 medalhas em Pan-Americanos, sendo 13 de ouro e 6 de prata. Ele também coleciona 13 medalhas olímpicas, 6 delas de ouro, 5 de prata e 2 de bronze.
Roseane Ferreira dos Santos
Roseane Ferreira dos Santos, conhecida como Rosinha, em 1990, aos 18 anos, foi atropelada por um caminhão e perdeu a perna esquerda. Nove anos depois, ela descobriu o esporte e se tornou medalhista olímpica do atletismo. Também é uma colecionadora de primeiros lugares. Ganhou três medalhas de ouro no Mundial da Nova Zelândia em 1999, três medalhas de ouro no Pan-Americano do México, duas de ouro nas Paraolimpíadas de Sydney em 2000. Em Atenas, alcançou o recorde mundial no lançamento do disco, mas não obteve medalha devido ao sistema de pontuação realizado no agrupamento de classes desta prova.
Amy Purdy 
Amy Purdy, medalhista de bronze no snowboard dos Jogos Paraolímpicos de Inverno, em Sochi, em 2014. Ela era uma garota saudável de 19 anos, linda e cheia de energia. Um dia, sentiu-se gripada e foi para a cama. Acordou com dores no corpo inteiro, como se cada músculo tivesse entrado em colapso. Levada ao hospital, descobriu que tinha meningite bacteriana. Enquanto a vida parecia se esvair, ouviu um médico dizer para alguém que suas chances de sobrevivência eram de apenas 2%. Seu baço explodiu. Os rins pararam. Operada às pressas, teve, na mesa de cirurgia, a nítida sensação de que ia morrer. Mas não morreu. Recuperada das primeiras cirurgias, Amy ainda teria más notícias. Por causa da necrose, as pernas precisavam ser amputadas.
Ela resolveu dar a volta por cima e depois de tantas superações sobre a doença, a atleta continuou se dedicando aos esportes radicais (dos quais já era praticante), além de se tornar medalhista de bronze no snowboard dos Jogos Paraolímpicos de Inverno, em Sochi, em 2014, Amy fez uma porção de coisas que julgavam que seria incapaz de fazer. Gravou – e dançou loucamente – um videoclipe com Madonna. Participou de filmes de ação em Hollywood. Competiu, e chegou às finais, do reality show Dancing With Stars. Fez um ensaio fotográfico nua. E neste ano de 2016, impressionou e emocionou o mundo participando das aberturas das Paraolimpíadas do Rio de Janeiro, ao fazer uma coreografia usando as próteses que simulam pés também com as lâminas que usa para competir, ao lado de um robô industrial e ao som da música "Borandá", de Edu Lobo com execução de Sérgio Mendes, com uma performance que deixou o Maracanã de queixo caído com um dos mais belos momentos da abertura. 
Cada atleta uma história
Se cada um dos atletas das olimpíadas tem sua história específica de sofrimentos e superação dos seus próprios limites, cada atleta paraolímpico carrega uma história de fazer filme para cinema. Existem aqueles que nasceram com deficiência e aqueles que adquiriram uma deficiência ao longo da vida, mas todos reconhecem que a dimensão psíquica, física e social do esporte paraolímpico é muito significativa para os atletas. Cada história contribui para a construção de um mundo verdadeiramente pluralista, que sabe respeitar e conviver com as diferenças, sejam elas quais forem.
As pessoas com deficiências física e mental não precisam de nossa pena, ou de nossa compaixão, mas sim de estímulo, demonstração de apoio e de luta conjunta pela democratização das oportunidades de acesso para além do âmbito dos jogos, para que tenham uma existência cotidiana digna e feliz.
Postado por Rosane.

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