##Médica acusada de praticar
eutanásia em UTI de Curitiba é indiciada
Segundo
as investigações, Virgínia Helena escolhia principalmente doentes internados
pelo SUS
CURITIBA (PR) - A
polícia do indiciou nesta quarta-feira a médica da Unidade de Terapia Intensiva
(UTI) do Hospital Evangélico de Curitiba, Virgínia Helena Soares de Souza,
acusada de praticar eutanásia em pacientes internados em estado grave desde
2006, quando ela começou a chefiar o departamento. Segundo a investigação,
Virgínia, presa na terça-feira, "antecipava óbitos" , principalmente
de pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). Testemunhas dizem que ela
pouparia quem estava na UTI bancado por planos particulares.
A polícia
recolheu prontuários relacionados às mortes nos últimos seis anos para saber se
os óbitos naquela UTI podem ter sido provocados pela médica. O telejornal da
RPC, filiada à TV Globo, exibiu nesta quarta-feira entrevista com um enfermeiro
que trabalhou no hospital de 2004 a 2006. Ele afirmou ter visto a médica
desligando um aparelho e provocando a morte de um dos pacientes.
— O paciente da
UTI tem dois pontos críticos, que são a ventilação mecânica e as medicações que
servem para manter a pessoa viva. Ela interrompia um dos dois, ou os dois —,
afirmou o enfermeiro, que preferiu não ser identificado.
Delegado não
descarta ‘quadrilha da morte’
O delegado-geral
da Polícia Civil do Paraná, Marcus Michelotto, afirma que há indícios de materialidade
e de autoria suficientes para que fosse instalado o inquérito policial e pedida
a prisão cautelar da médica. Virgínia foi presa durante expediente no hospital.
— Nossa
investigação tem cerca de um ano, mas esses fatos podem ter ocorrido há mais
tempo. Estamos trabalhando para a coleta de provas —, afirmou.
Michelotto não
descarta que haveria uma “quadrilha da morte” no hospital, com o envolvimento
de outros funcionários nos supostos crimes.
— Se havia isso
(a provocação das mortes), ela não fazia sozinha. Mas não podemos pré-julgar —,
disse ele, que vai investigar as mortes naquela UTI nos últimos seis anos,
período em que Virgínia chefiava o departamento.
A delegada Paula
Brisola explicou que a prisão da médica foi estabelecida pela Justiça para
garantir a instrução do processo e a segurança da população.
— O inquérito
corre sob sigilo judicial e não podemos dar todas as informações sobre a
investigação desses casos, que qualificamos como homicídios —, disse a delegada
em entrevista coletiva na tarde desta quarta-feira. Segundo ela, outras
testemunhas reforçaram a acusação do enfermeiro, de que a médica desligava os
aparelhos para provocar a morte dos pacientes.
O advogado da
médica, Elias Mattar Assad, afirma que vai solicitar à Justiça liberdade para
sua cliente. Segundo ele, houve precipitação na prisão.
— Normalmente o
procedimento é primeiro investigar, depois ouvir as pessoas e só então, se for
o caso, pedir a prisão. Aqui primeiro prenderam para depois investigar —,
disse.
Desde
terça-feira, quando a médica foi presa, várias pessoas procuraram a delegacia
para denunciar “atitudes suspeitas” de Virgínia. Na ação policial, dentro do
hospital, foram apreendidos prontuários médicos e outros documentos relativos a
internações e mortes de pacientes.
O Conselho
Regional de Medicina (CRM) informou que investigará a conduta da médica. O
Hospital Evangélico abriu uma sindicância para apurar o caso.
Suspeita chefia
UTI há seis anos
A médica atua no
hospital desde 1988 e é chefe da UTI desde 2006. De acordo com o Núcleo de
Repressão aos Crimes Contra a Saúde (Nucrisa), ela é suspeita da prática de
eutanásia, que é a indução à morte com consentimento do paciente, além de
maus-tratos aos internados. O caso corre em segredo de justiça. A médica está
detida no Complexo Médico-Penal, em Pinhais, na região metropolitana de
Curitiba.
Uma
ex-enfermeira, que também não quis se identificar, ouvida pelo G1, disse que a
médica foi suspensa por um mês em 2011 por maltratar uma funcionária.
— Eu trabalhei no
hospital em 2005 e presenciei muitas cenas de maus-tratos contra funcionários.
Tanto que não tinha quem não soubesse da frieza e grosseria dela. Essa
suspensão eu soube por um colega. Eu não gostava de trabalhar com ela, como a
maior parte dos outros. Eu nunca presenciei, mas o que 'rolava' nos corredores
é que ela fazia isso com os pacientes também.
Postado por Katia Maria